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SAÚDE DO MÉDICO (págs. 8 e 9)
Dados sobre mortalidade dos médicos no Estado de São Paulo


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Edição 292 - 05/2012

SAÚDE DO MÉDICO (págs. 8 e 9)

Dados sobre mortalidade dos médicos no Estado de São Paulo


Estudo revela principais causas de mortalidade entre médicos em SP

Doenças do aparelho circulatório, seguidas das neoplasias, estão entre as mais relacionadas aos óbitos


A maior parte das mortes de médicos ocorridas de 2000 a 2009 teve como causa básica alguma doença do aparelho circulatório (DAC), seja em número absoluto seja em proporção de mortes (29,7%). As neoplasias aparecem na segunda posição (27,9%), seguida pelas doenças do sistema respiratório (10,7%). Já as causas externas contribuíram com 8,9% das mortes (Tabela abaixo). Em números absolutos, as DACs fatais acometeram em média 87 médicos ao ano na última década, enquanto as causas externas geraram de 21 a 34 mortes por ano.

Esses dados são do Estudo da Mortalidade dos Médicos no Estado de São Paulo: tendências de uma década (2000-2009), patrocinado pelo Cremesp visando conhecer o perfil e identificar as principais causas dos óbitos. A pesquisa foi realizada por um grupo de pesquisadores da Unifesp, sendo coordenado por Zila Sanchez, do Departamento de Medicina Preventiva (Cebrid); pelos psiquiatras Hamer Palhares, da Unidade de Álcool e Drogas (Uniad); e Luiz Antonio Nogueira Martins, do Departamento de Psiquiatria, a partir de dados provenientes do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Datasus, cujos registros ocorreram entre os anos de 2000 a 2009. Ao todo, foram obtidos dados de 2.927 declarações de óbitos de médicos falecidos no Estado de São Paulo, entre os anos de 2000 a 2009, com idades entre 23 e 104 anos. Deste total, 13,2% dos casos foram de mulheres.

De acordo com o estudo, médicos do sexo masculino morreram majoritariamente de DACs (31,4%), enquanto 26,9% decorreram de neoplasias. Entre homens, no ano de 2000, as causas externas matavam mais do que as doenças do aparelho respiratório. Nos anos seguintes, isso não foi confirmado, e as doenças respiratórias passaram a ser a terceira principal causa de morte. Em 2009, 21 médicos morreram de causas respiratórias e 16 em decorrência de causas externas.

No caso das mulheres, este quadro se inverte: 34,9% das mortes no período ocorreram devido a neoplasias e 18,9% devido a doenças do aparelho circulatório (DACs). Em seguida, aparecem as mortes por causas externas, com 13,7%.

Na avaliação de Palhares, “este modelo de estudo é mais um importante instrumento para compreender o estilo de vida da população médica, sendo fundamental acompanhar as diferenças ao longo das próximas décadas, constituindo-se numa espécie de observatório”.

Geral2000200120022003200420052006200720082009Total
Aparelho circulatório96838599899796588582870
35,4%31,7%27,7%31,7%28,2%32,4%31,2%22,1%27,2%29,7%29,7%
Neoplasias74769077828482909271818
27,3%29,0%29,3%24,7%25,9%28,1%26,6%34,2%29,4%25,7%27,9%
Aparelho respiratório21233138363130393628313
7,7%8,8%10,1%12,2%11,4%10,4%9,7%14,8%11,5%10,1%10,7%
Causas externas26213425312329222623260
9,6%8,0%11,1%8,0%9,8%7,7%9,4%8,4%8,3%8,3%8,9%
Aparelho digestivo1415817161122141614147
5,2%5,7%2,6%5,4%5,1%3,7%7,1%5,3%5,1%5,1%5,0%
Sistema endócrino12111612141212111818136
4,4%4,2%5,2%3,8%4,4%4,0%3,9%4,2%5,8%6,5%4,6%
Sistema nervoso7711141310710913101
2,6%2,7%3,6%4,5%4,1%3,3%2,3%3,8%2,9%4,7%3,5%
Outras causas6910712101569791
2,2%3,4%3,3%2,2%3,8%3,3%4,9%2,3%2,9%2,5%3,1%
Doenças infecciosas5811121310677483
1,8%3,1%3,6%3,8%4,1%3,3%1,9%2,7%2,2%1,4%2,8%
Aparelho geniturinário7457884412867
2,6%1,5%1,6%2,2%2,5%2,7%1,3%1,5%3,8%2,9%2,3%
Transtornos mentais233113422728
0,7%1,1%1,0%0,3%0,3%1,0%1,3%0,8%0,6%2,5%1,0%
Doenças do sangue123310101113
0,4%0,8%1,0%1,0%0,3%0,0%0,3%0,0%0,3%0,4%0,4%
Total2712623073123162993082633132762927

Mortalidade proporcional por causa básica de morte de médicos no período de 2000 a 2009, agrupadas por capítulo da CID-10.
Dados apresentando a proporção de mortes por sistemas /aparelhos e números absolutos de casos, sem agrupamento por gênero.

 

Mortes por neoplasias diferem entre médicos e população em geral

Quando comparados com o restante da população, os dados da pesquisa revelam que, no caso das neoplasias fatais por órgãos, há importantes diferenças e inversões entre médicos e médicas e o restante da população.

Entre as mulheres médicas, foram registrados 135 óbitos cuja causa básica foi a neoplasia, de 2000 a 2009. Destas neoplasias fatais, 30% estavam localizadas na mama, 10% nos intestinos e 9% nos pulmões.

A neoplasia mais fatal, de mama, não difere do restante da população feminina. Entretanto, o câncer de intestino ocupa a segunda posição, enquanto entre a maioria das mulheres da população, o segundo tipo de câncer mais fatal é o do colo do útero.
 
Entre os médicos homens, a neoplasia que mais contribuiu para os óbitos foi a de pulmão, seguida pela de próstata e de intestino. Do total de 683 mortes por neoplasia, esses três órgãos foram responsáveis, respectivamente, pela localização de 18%, 12% e 11% delas. Já entre a população masculina em geral – conforme estudo realizado pelo Instituto do Câncer (Inca) em 2012 –, as neoplasias mais fatais são as de próstata, seguidas pela de pulmão e intestino.

“Esses dados são importantes porque servem de parâmetros para elaboração de programas de orientação à saúde a esses profissionais pelas entidades médicas”, afirma Mauro Aranha, psiquiatra e vice-presidente do Cremesp, que também participou da coordenação do projeto.

Na avaliação de Zila, “estudos de mortalidade sempre nos levam a repensar o nosso estilo de vida. Pensar na morte desperta o interesse para mudanças de comportamentos que estejam associadas a fatores de risco para a morte prematura”.

Um diferencial dos registros de óbitos dos médicos do Estado de São Paulo é a baixa ocorrência de mortes por causas mal definidas. Enquanto esta prevalência é de cerca de 7% na população geral do Estado (SVS, 2004), ela ficou em 1,5% para o universo dos médicos, sugerindo cuidado dos médicos atestantes no preenchimento da declaração de óbito de seus colegas.

Óbitos de médicos e médicas ocorrem em faixas etárias diferentes

Na estratificação da idade de morte, de acordo com o gênero, nota-se, no caso dos homens (Figura 1), crescimento constante do número de casos de óbito de acordo com a idade, sendo que a maior parte ocorreu entre 80 e 89 anos. No caso das mulheres (Figura 2), esta concentração deu-se entre os 50 e 59 anos.


Figura 1 - Distribuição do número de óbitos dos médicos homens falecidos no Estado de São Paulo, de acordo com faixas etárias em intervalos de 10 anos, no período de 2000 a 2009, sem agrupamento por ano de óbito.

Figura 2 - Distribuição do número de óbitos das médicas mulheres falecidas no Estado de São Paulo, de acordo com faixas etárias em intervalos de 10 anos,  no período de 2000 a 2009, sem agrupamento por ano de óbito. 

Na distribuição etária por sexo, observa-se que houve aumento na proporção de mortes entre as mulheres até os 59 anos. A maior parte dos óbitos femininos concentrou-se entre os 40 e 60 anos. No caso dos médicos do sexo masculino, a proporção do número de mortes até os 60 anos foi menor do que entre as médicas.

Segundo Palhares, chama a atenção também o fato de a idade de morte das mulheres médicas ser bem inferior à dos homens. “Esse é um dos principais dados do estudo e leva à necessidade de reflexão sobre o estilo de vida das mulheres. Entretanto, o resultado pode refletir apenas o descompasso entre a distribuição etária dos médicos, de acordo com o gênero, e pelo recente fenômeno da entrada das mulheres na profissão. Dados mais fidedignos estarão disponíveis nas próximas décadas, quando a idade média das médicas em exercício deverá subir”, esclarece.

Na avaliação de Mauro Aranha, essa diferença também pode “refletir o acúmulo de funções e papéis da mulher nos dias de hoje, em razão do aumento exponencial da participação feminina no mercado de trabalho”.


Taxas de suicídio são maiores entre médicas

As causas externas representam 8,2% do total de mortes entre homens, no período de 2000 a 2009, e 14,5% entre as mulheres. Dentro dessa categoria, acidentes automobilísticos (incluindo todo o tipo de automóveis e atropelamentos) contribuíram com quase 40% dos óbitos, em ambos os sexos. 

A taxa de mortalidade bruta por causas externas foi de 18,6% por 10 mil médicos na década, sendo que as motivadas por suicídio representaram 3,5%. Porém, dentro da classe de mortes por causas externas, o suicídio contribuiu com cerca de 20% dos óbitos, enquanto as doenças alcoólicas do fígado levaram à morte 27 médicos em uma década (gráfico abaixo).


Tipo de morte por causas externas descritas como causa básica de morte de médicos no Esdtado de São Paulo entre os anos de 2000 a 2009, de acordo com o gênero. Dados apresentados em porcentagem das mortes por causas externas em cada gênero. *

Cautela
Na população geral brasileira, a taxa média de suicídio é de 3,8 para cada 100 mil habitantes, sendo cerca de quatro vezes maior no sexo masculino (IBGE, 2010), diferentemente do que ocorre entre os médicos. Entre esses profissionais, os suicídios ocorrem mais entre as mulheres, representando 3,1% do total de óbitos, enquanto nos homens é de 1,6%.

Para Palhares, entre os dados que mais despertam a atenção estão o fato de médicas apresentarem taxas de suicídio maiores que as da população geral e o alto índice de mortes por acidentes automobilísticos entre os médicos jovens.

Os autores avaliam que a questão do suicídio entre os médicos deve ser considerada com atenção, visto que possivelmente é um reflexo da melhor habilidade técnica na decisão de como proceder para provocar a morte eficazmente, evidenciando, talvez, um maior sucesso nas tentativas.

Para Zila, outro fator que deve ser levado em conta é o fato de a faixa etária estudada ser menor do que a população em geral, que inclui períodos anteriores ao do início de carreira dos profissionais. “Todas as comparações epidemiológicas decorrentes deste estudo devem ser feitas com extrema cautela, visto que a distribuição etária dos médicos é diferente da população geral. Além disso, as mulheres adentraram a profissão médica apenas nos últimos anos, o que pode justificar a baixa idade média de morte das mesmas”.

O estudo conclui que é possível que a prática médica no Brasil tenha se tornado cada vez mais difícil devido ao aumento do estresse do profissional, com a precarização das condições de trabalho. A necessidade constante de atualização, devido ao acelerado desenvolvimento de novos recursos diagnósticos e terapêuticos, também tem gerado alto grau de ansiedade entre os médicos.

Clique AQUI para acessar o estudo na íntegra.

Fonte: Estudo  da mortalidade dos médicos no Estado de São Paulo: tendências de uma década (2000/2009) - Cremesp/Unifesp/2012   


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