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Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 3)
Pedro Caetano Sanches Mancuso


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Atuação profissional


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Combate ao câncer


FÓRUM (pág. 7)
A Saúde do Brasil


CRISE NA SAÚDE (págs. 8 e 9)
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EU, MÉDICO (pág. 12)
Trabalho e Humanização


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Saúde Mental em Pediatria


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Edição 325 - 05/2015

ENTREVISTA (pág. 3)

Pedro Caetano Sanches Mancuso


A responsável pela qualidade da água é a área da Saúde

 

“Os médicos têm um papel importante na orientação à população”

 

A crise hídrica em São Paulo pode colocar em risco a saúde da população. Em caso de rodízio do fornecimento, haverá grande dificuldade em se privilegiar hospitais ou postos de saúde no abastecimento de água. Além disso, os consumidores poderão lançar mão de água não tratada para consumo, trazendo de volta doenças há muito tempo extintas. Essas são algumas das preocupações do engenheiro ambiental Pedro Caetano Sanches Mancuso, professor do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, diante de um possível agravamento da situação no Estado. Nessa entrevista ao Jornal do Cremesp, Mancuso também enumera as ações necessárias por parte de autoridades da área da Saúde, médicos e população para o enfrentamento e superação das dificuldades no abastecimento de água no Estado.

 

A ingestão de água proveniente do volume morto do sistema Cantareira implica algum risco para a saúde?

O principal fator a ser considerado é a ocupação do solo em torno da bacia, que pode prejudicar a qualidade da água. No caso do Sistema Cantareira, a ocupação é residencial, o que elimina o risco da existência de materiais pesados provenientes de indústrias. Além disso, a estação de tratamento do Sistema Cantareira, embora convencional, foi projetada para tratar a água como um todo, incluindo o volume morto, que nada mais é do que o fundo do reservatório. As doenças que poderiam advir dali são as normais, que decorreriam de um tratamento mal feito, mas esse não é o caso. Não temos nenhuma informação na faculdade de que estejam ocorrendo surtos de diarreias, febre tifoide e outras doenças decorrentes de veiculação hídrica.


A população tem estocado água, inclusive as compradas em garrafas. Quais aspectos devem ser observados?

A estocagem de água deve ser cautelosa, em função de uma possível proliferação de vetores transmissores da dengue, quando os galões e recipientes são mal vedados. Quanto à água engarrafada, o único problema pode ser a perda de oxigênio, em caso de aquecimento do ambiente, mas isso não representa um risco.


Em caso de racionamento de água em São Paulo, como seria a logística para atender áreas prioritárias como hospitais e postos de saúde?

Se houver racionamento de água, ele virá para ficar. Como engenheiro ambiental, acho muito difícil, quase impossível, fazer rodízio na distribuição, diferenciando hospitais e instituições de saúde para o recebimento de água. Do ponto de vista da engenharia, isso é impensável. Talvez seja por isso que a Sabesp esteja torcendo para que ele não seja necessário.


A instalação de poços artesianos seria uma alternativa?

Em grandes números, a quantidade de água fornecida pela Sabesp, em São Paulo, é da ordem de 65 a 70 m³/s. Digamos que, além desse volume, algo em torno de 10 m³/s são fornecidos por água de poços de lençóis mais profundos, e dos rasos, que existem em quintais de sítios ou residências. Os mais profundos são mais protegidos, mas não totalmente, pois há uma zona de recarga que, se estiver poluída por metais pesados, contaminará a água do poço. É o que acontece, por exemplo, na região de Santo Amaro. Lá, grande parte dos poços está contaminada.


Como os médicos podem ajudar na orientação à população no caso de racionamento?

O pior dos mundos é a ausência de água. É nessa hora que os médicos terão um papel importante na orientação à população. Nós, engenheiros, sairíamos de campo para dar lugar aos médicos. Se a população não tiver acesso à água potável, ela vai buscar uma de qualquer qualidade no primeiro poço que encontrar. E aí a situação pode piorar, e muito, porque há o risco da volta de antigos surtos – extintos no século passado – de doenças decorrentes de veiculação hídrica.


Os recursos hídricos estão de fato ameaçados no curto prazo?

Eu ministro uma disciplina na faculdade sobre o reuso de água. E quando os alunos me perguntam se, no futuro, vamos reusar a água, eu respondo: não é no futuro que isso vai acontecer, hoje, já tomamos água de reuso. O grande problema é que temos mais de 20 milhões de habitantes na cabeceira dos rios. Isso se deu pelo processo de industrialização, durante a época do milagre econômico, quando as pessoas vieram de outros Estados em busca de moradia e trabalho, e ocuparam essas áreas que supostamente eram reservadas para a proteção dos mananciais. Agora é tarde, temos de conviver com isso e administrar a situação.


Houve ausência de gerenciamento por parte do poder público?

Em engenharia, não há nada que possa ser feito sem dinheiro. Trata-se de investimento. Havia obras que deveriam ter sido feitas, e não foram. Por exemplo, as de busca de água em locais mais distantes, embora essa seja uma alternativa que considero errada, pois temos água em abundância em São Paulo, como na represa Billings, na Guarapiranga, no rio Tietê, que poderiam ser tratadas para consumo, mas não são.


Quais as principais falhas na gestão da água em São Paulo?

A Sabesp é apenas uma concessionária. A grande responsável pela qualidade da água é a área da Saúde, em todas as esferas de governo. Existe uma legislação, que é a portaria 2914 do Ministério da Saúde (MS), que responsabiliza o produtor pelo selo de qualidade – “beba-se” – da água. Os órgãos da Saúde, incluindo aí o trabalho dos médicos, por meio da Vigilância Sanitária, têm de ser mais efetivos na fiscalização e no acompanhamento do fornecimento, tanto em termos de quantidade como de qualidade da água.  Alguém tem de se responsabilizar por isso.

 

 


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