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O movimento médico para a implantação urgente da CBHPM


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Luiz Flávio Borges D'Urso, presidente da OAB, é o convidado desta edição


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Campanha Proteja-se e Movimento Propaganda Sem Bebida


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Chapa 3 é a vencedora


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Movimento pela implantação da CBHPM já atinge 18 Estados


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ANESTESIOLOGIA NA HISTÓRIA
Carlos Pereira Parsloe e Pedro Geretto


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Edição 203 - 07/2004

ANESTESIOLOGIA NA HISTÓRIA

Carlos Pereira Parsloe e Pedro Geretto


Anestesiologia na história

O advento da anestesia inaugurou uma nova era na Medicina, permitindo que as cirurgias e outros procedimentos invasivos passassem a ser realizados sem dor e sem pressa o que garantiu melhores prognósticos. A primeira demonstração de intervenção cirúrgica com anestesia geral foi realizada em 1846, no General Massachusetts Hospital, em Boston (Pintura de Robert Hinckley, ao lado).

O dentista William Thomas Green Morton, anestesiou um jovem paciente com éter para o cirurgião John Collins Warren retirar um tumor do pescoço do rapaz. Para isso foi utilizado um aparelho inalador idealizado pelo dentista.  A partir de 1847, o éter começou a ser substituído pelo clorofórmio, introduzido como anestésico na Inglaterra por James Simpson.

A primeira anestesia realizada no Brasil foi com éter, em 1847, no Hospital Militar do Rio de Janeiro pelo médico Roberto Jorge Haddock Lobo, de acordo com o livro a História Geral da Medicina Brasileira, de Lycurgo Santos Filho. A anestesia com o clorofórmio chegaria ao Brasil no ano seguinte, em 1848, sendo realizada na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, pelo médico Manuel Feliciano Pereira de Carvalho. A anestesia para aliviar a dor durante os procedimentos invasivos continuava a ser um tema que despertava o interesse dos médicos até bem depois disso, como demonstra uma carta de Alípio Corrêa Neto (veja ao final deste texto).

Desde essas primeiras experiências, a evolução da anestesiologia não parou, paulatinamente novos anestésicos foram descobertos e introduzidos na prática médica. Atualmente é realizada por aparelhos e drogas sofisticadas. A anestesiologia é hoje uma especialidade médica imprescindível no âmbito hospitalar. Nesta edição do Jornal do Cremesp dois grandes pioneiros da especialidade também falam dos primórdios da anestesiologia no Brasil: Carlos Pereira Parsloe e Pedro Geretto.

“ ... depois desta Guerra,
             a anestesia será obrigatória ...”

Trecho de carta enviada pelo cirurgião Alípio Corrêa Netto, em 1944, da Itália, na época em que serviu como médico na 2ª Guerra Mundial, endereçada a seu primo, o também cirurgião Caio Pinheiro.

“( ...) Quanto a anestesia, que é o que te interessa mais, usa-se sistematicamente o Éter Squib, raramente fazem a indução com protóxido. O éter é dado em circuito fechado de mistura com o O2; aparelho de Heidebrinck. Dá-se sistematicamente por via endotraqueal, que produz um silêncio abdominal absoluto e permite qualquer intervenção no tórax.

A manobra de intubação traqueal é facílima. Usa-se um laringoscópio de Flagg ou outro, e a operação para este fim, quero dizer a introdução da sonda própria se faz em segundos. O anestesista da minha equipe é o José Monteiro, conhecido teu, e o faz tão bem como qualquer americano. Podias já ir pensando nisso, porque creio será, depois desta guerra, a anestesia obrigatória, nos casos demorados e na cirurgia do tórax (...)”

Carlos Pereira Parsloe:

“Não existia cirurgia sem dor”

O anestesiologista Carlos Pereira Parsloe, de 84 anos, formado pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro em 1943, lembra que sua especialização foi decorrente da necessidade, pois não havia anestesiologistas no país. “Não existia a especialidade no Brasil. Quando o acadêmico se via exposto às salas de cirurgia reparava que havia três problemas: a dor, pois não havia aparato anestésico; o choque, por não existir banco de sangue; e a infecção, numa época pré-antibiótico”.

A forma mais comum de anestesia era a máscara de Ombrédanne, um aparelho de inalação de vapores anestésicos. “O doente tinha uma sensação de asfixia terrível, mas acabava perdendo a consciência. Por essa razão, a cirurgia não podia ser demorada”.  Como no Brasil não havia centro de ensino em anestesia, Carlos Parsloe foi cursar especialização nos Estados Unidos, na Universidade de Wisconsin, na década de 40.

O que mais o agrada em sua profissão é ter participado dessa evolução da Anestesiologia: “Hoje em dia nem o anestesista nem o doente entram com medo na sala de cirurgia. Nós víamos a morte e o sofrimento diariamente, mas hoje não é mais assim. A minha geração pegou uma fase extraordinária”.

Casado, com três filhos e cinco netos, Carlos conta que nenhum deles quis seguir a carreira médica. “Eles viram a minha vida e não quiseram enveredar por esse caminho”, brinca.

Trabalhou no Hospital Oswaldo Cruz, Hospital Samaritano e na Santa Casa de Santos. Participa ativamente da Sociedade Brasileira de Anestesiologia e da Sociedade Paulista de Anestesiologia. Ele também participou da organização do III Congresso Mundial de Anestesiologia, em 1964, em São Paulo.


Pedro Geretto:

“Lutamos para que o anestesista não aceitasse qualquer emprego”

“A anestesia dá a sensação de que o doente está nas suas mãos. Dediquei toda minha carreira a anestesia e sempre procurei servi-la com amor”. É assim que, aos 82 anos, o anestesiologista Pedro Geretto define sua relação com a profissão.

Formado em 1948, pela Escola Paulista de Medicina (EPM), conta que “foi um estudante pobre, numa época em que a EPM era uma escola paga e de elite”. Foi lá que desenvolveu todas as suas atividades acadêmicas: doutor livre docente e professor titular; chefe do Departamento de Cirurgia; presidente da Comissão Curricular e da Comissão de Reestruturação do Ensino Médico.

Quando era recém-formado, trabalhou na enfermaria do Hospital São Paulo, que na época era chefiada pelo professor Alípio Corrêa Neto. “Foi quando comecei a mexer com a anestesia”.  Era o início da especialidade no Brasil: “a anestesia era considerada secundária, feita por jovens médicos, freiras ou enfermeiras. Quem iniciou a anestesia como especialidade foi o professor Alípio”, conta.

Membro da Comissão Científica da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP), Pedro lembra: “lutamos para que o anestesista não aceitasse qualquer emprego e trabalhasse por unidade de serviço. A anestesiologia foi a primeira especialidade a fazer isso e um exemplo para as outras”.  A atuação como anestesiologista foi solidificada no Hospital Beneficência Portuguesa: “era doutorando e a Beneficência recebeu um aparelho novo, eu fui lá fazer essa anestesia e, assim, comecei a trabalhar no hospital”.

Nascido em Ibitinga (SP), em 1922, casado com Maria Cecília, há 52 anos, declara seu amor a esposa: “minha mulher é fantástica. Para aguentar um marido que faz doutoramento, mestrado, vai para os Estados Unidos estudar, não é fácil”. Aos sábados, os quatro filhos, oito netos, genros e noras, se reúnem na casa de Pedro para o almoço: “é uma forma de nos encontrarmos, discutirmos e  passarmos bons momentos juntos”.
Pedro Geretto mantém uma relação estreita com o ambiente hospitalar: “eu adoro ficar no centro cirúrgico”.

E garante que, por enquanto não pretende parar: “continuarei trabalhando enquanto me sentir seguro naquilo que estou fazendo. O dia que sentir que posso prejudicar meu doente eu paro”.


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