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Notícias
27-04-2015 |
Evento Cremesp/APM |
Com auditório lotado, simpósio sobre genocídio armênio discute negação pela comunidade internacional |
O Simpósio “As Marcas da Negação - Centenário do Genocídio Armênio” realizado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e pela Associação Paulista de Medicina (APM), no dia 25 de abril, sob a coordenação de Krikor Boyaciyan, conselheiro e diretor do Cremesp, e de Sérgio Ricardo Hototian, diretor do Comitê Científico de Medicina Psicossomática da APM, contou com o apoio do Comitê Brasileiro do Centenário do Genocídio Armênio. Convidados e integrantes da comunidade armênia lotaram o auditório para discutir a negação da Turquia, da existência do genocídio armênio praticado por turcos otomanos há cem anos. O simpósio abordou ainda a luta da comunidade armênia pelo reconhecimento, por parte do governo brasileiro, do genocídio de cerca de 1,5 milhão de armênios. “Discutindo esses fatos, estamos contribuindo para que essas atrocidades não voltem a acontecer. Se continuarmos mostrando nossa indignação pela falta de respeito à vida humana, estaremos contribuindo para a melhoria da sociedade.”, afirmou Vahan. “Situações como essas, se não reconhecidas internacionalmente, predispõem a que aconteçam novamente, e isso é um sinal de impunidade”, lembrou Clóvis Constantino. O embaixador Ashot, pronunciando-se em inglês e armênio, destacou a honra de participar do simpósio. Ele também fez referências à permanência das lembranças dos cem anos de dificuldades por quais passaram o povo armênio. “Nós somos uma nação que passou por muitas provações, mas somos sobreviventes de uma das maiores atrocidades cometidas contra a humanidade”, concluiu Ashot. Luna Filho destacou que o Cremesp “não é um sindicato ou uma associação, mas uma instituição do Estado brasileiro para defesa da Medicina – ou seja, da defesa da pessoa humana no seu sentido mais amplo. Só tenho a lamentar que um episódio dessa magnitude tenha acontecido com o povo armênio e que tenha sido feito em nome da civilização. Eu não poderia ser mais grato que esse evento acontecesse durante esta gestão, que tanto defende a igualdade, o respeito e a solidariedade”, afirmou o presidente do Cremesp. Palestras A palestra Genocídio, imigração e identidade: A reconstrução do imaginário Armênio no Brasil foi apresentada por Sarkis Ampar Sarkissian, professor do Curso de Extensão de Arte e Cultura Armênia da Área de Língua e Literatura Armênia do Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Sarkissian refez o percurso traçado por armênios, do início do massacre à deportação, até a chegada a diferentes localidades do Brasil, nas quais ocuparam-se de diversos ofícios tais como sapateiros, ferreiros e o trabalho em tecelagem entre outros. Na palestra A negação do Genocídio Armênio, James Onnig Tamdjian, professor de Relações Internacionais da Facamp e Pesquisador do Grupo de Conflitos Contemporâneos da Unifesp ressaltou que “negar o genocídio armênio é uma estratégia das mais absurdas” por parte da Turquia. “Os noticiários internacionais davam conta da existência do genocídio, mas, em função da guerra, poucos atentaram para isso. Havia um plano sórdido para eliminar os armênios. Documentos do departamento de Estado dos EUA comprovam que eles sabiam das deportações e do que estava acontecendo,” denunciou. Para ele, “na medida em que não reconhecem o genocídio, contradizem seus próprios arquivos e negam sua própria história, já que ajudaram os armênios”. O professor Tamdjian enumerou e discorreu sobre as diferentes faces da negação do genocídio. Na palestra, As marcas da negação na memória Armênia, Sérgio Ricardo Hototian - professor de Psiquiatria da Unisa, também mostrou fatos e documentos que comprovam a existência do genocídio. “As marcas da negação na memória armênia estão em nossas mãos, é uma herança colocadas nas mãos não só de armênios, mas nas de todos os que querem justiça”, declarou. Sob o título de “Um olhar sobre meus antepassados”, foram relatadas histórias de famílias armênias sobreviventes, que se estabeleceram no Brasil e cujos filhos se tornaram médicos, como os palestrantes João Aris Kouyoumdjian, professor de Neurologia da Famerp; Krikor Boyaciyan, doutor em Obstetrícia pela Unifesp; e Antranik Manissadjian, professor Emérito da Faculdade de Medicina da USP homenageado, pelo Cremesp e pela APM, com a entrega de uma placa e um diploma, que encerrou com o seguinte agradecimento: “Transfiro essa homenagem a todos os colegas médicos formados no Brasil e agradeço a este país que recebeu os armênios de braços abertos, propiciando oportunidade para nossos antepassados, que chegaram sem moedas e sem joias, a maioria sem nada. Este país possibilitou que cada armênio evoluísse e progredisse”, afirmou. “Se por um lado lamentamos por nossos antepassados, devemos nos orgulhar deles, pois nos permitiram chegar onde chegamos. Falta o reconhecimento”, lembrou Mannissadjian. Texto: Aglaé Silvestre |