"Ética e responsabilidade civil em épocas de Covid-19" foi o tema central da palestra ministrada virtualmente pela presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Irene Abramovich, em 12 de agosto, durante o 1º Congresso WebHall, promovido pela Escola Paulista de Medicina (EPM).
Em sua explanação, Irene ressaltou o fato de que o mundo está vivendo um momento atípico, que vêm modificando a vida dos cidadãos como um todo e influindo fortemente nas práticas médicas. "O futuro é muito imprevisível quando falamos do novo coronavírus, mas é certo que a relação médico-paciente continuará. Por isso, é imprescindível que saibamos a história de vida do assistido e que continuemos oferecendo um atendimento humanitário", comentou.
A politização da conduta médica foi apontada pela presidente do Conselho como um dos principais problemas decorrentes da pandemia. Abramovich reiterou que a Medicina deve sempre basear-se na ciência e na autonomia do médico e do paciente, de modo que as decisões referentes aos medicamentos e tratamentos sejam acordados entre ambos, sempre que possível, e norteadas pelas evidências científicas.
A educação médica também foi destacada como alvo de grande preocupação. "Não é possível ensinar Medicina por vídeochamada, uma vez que há matérias que são eminentemente práticas. O contato com o assistido é primordial para o desenvolvimento de uma relação de respeito e confiança mútua entre o médico e o paciente", apontou. Disse, ainda, que é preciso estabelecer um diálogo com os estudantes futuramente, de modo que seja possível compreender como está o desenvolvimento do curso, para que eventuais medidas possam ser tomadas, sem que o aprendizado seja prejudicado.
Mesmo com os inúmeros percalços decorrentes do novo coronavírus, para Irene, a pandemia trouxe algumas melhorias em termos estruturais, principalmente no que se refere ao Sistema Único de Saúde (SUS). "A covid-19 fez com que fossem criados diversos leitos de UTIs, que já estavam em falta anteriormente, e resultou no renascimento do SUS, que está sendo essencial no atendimento dos infectados".
A presidente do Cremesp finalizou sua apresentação reforçando que a Medicina é alicerçada na ética, e que esta, portanto, deve estar sempre presente em todas as condutas do profissional. Irene também lamentou a imprevisibilidade da doença, que representa um enorme desafio aos médicos, aos pacientes e seus familiares, e respondeu dúvidas dos participantes presentes.
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