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Edição 25 - Outubro/Novembro/Dezembro de 2003

CULTURA

Lasar Segall

Lasar Segall

Ivolethe Duarte

Lituano, russo, alemão ou brasileiro? Por que um jovem judeu que estudou nas melhores escolas de arte da Alemanha, escolheu o Brasil para morar? Talvez porque Lasar Segall fosse um cidadão do mundo e um artista universal. Nasceu em 1891, em Vilna, capital da Lituânia, época em que o país era ocupado pela Rússia czarista. Morreu em São Paulo em 1957, como cidadão brasileiro, deixando um notável acervo artístico que, além de importante representação dos movimentos de arte, é um retrato dos costumes e da vida de europeus e brasileiros de sua época. 

Iniciou seus estudos na Academia de Desenho de Vilna, mas ainda na adolescência, matriculou-se na Academia de Belas Artes de Berlim. Depois de ser expulso dessa escola por ter participado de um movimento de dissidência artística, mudou-se para Dresden, em 1910, onde continuou o curso na Escola de Belas Artes da cidade. Por influência dos primeiros mestres alemães, sua pintura dessa fase indica uma tendência ao impressionismo. Porém, ainda na juventude, começou a aproximar-se do movimento expressionista.

Em 1912, veio ao Brasil pela primeira vez, realizando, no ano seguinte, duas exposições individuais, uma em São Paulo e outra em Campinas. Embora a incursão estivesse longe de ser um fracasso, essas amostras da arte moderna foram recebidas com indiferença pelo público brasileiro e não causaram impacto por aqui naquele momento. Segall voltou à Europa em 1913, onde ficaria por mais dez anos. 

Nesse período, começou a solidificar sua carreira na Europa. Fundou, com outros nomes importantes da arte, como Otto Dix, o grupo Secessão de Dresden em 1919, um embrião do movimento modernista que rompia com o academicismo. Em 1922, participou da Exposição Internacional de Arte de Dusseldorf. 

Em dez anos, muita coisa também mudaria no Brasil em relação ao conceito de arte. Em 1922, a emblemática Semana de Arte Moderna, apesar de suscitar reações e críticas negativas, foi uma demonstração de que o país também acompanhava a tendência de renovação cultural que já havia tomado corpo na Europa.

Depois de amargar a crise do pós-guerra durante anos, Lasar Segall mudou-se para o Brasil em 1923. Tinha apenas 32 anos e vinha com a primeira esposa, Margarete Quack. Encontrou o país mais amadurecido e aberto aos novos movimentos artísticos quando montou seu ateliê em São Paulo. 

Um ano depois, Margarete e Segall separaram-se. Ela volta para Berlim. Em 1925, ele se casou com Jenny Klabin, uma de suas alunas de pintura, com quem viveria até o fim da vida e teria dois filhos. Segall movimentava-se intensamente no eixo cultural Rio-São Paulo, com exposições individuais ou participação em eventos coletivos. Nessa época, suas obras também eram expostas fora do Brasil.

Em 1928, apenas um ano depois de finalmente ter conseguido naturalizar-se brasileiro, mudou-se para Paris, onde inicia sua fase de escultor. Volta ao Brasil quatro anos depois para fixar residência na Rua Afonso Celso, na Vila Mariana, em São Paulo. Ao lado da casa, construiu seu ateliê. Durante quase 30 anos, viveu ali, rodeado de animais como gansos, patos, pássaros, veados, gatos e cachorros, além de plantas de várias espécies. Era conhecido com um homem elegante e metódico, além de assíduo freqüentador de bailes. Em 1957, morreu de infarto, aos 66 anos.

Expressionista tropical, ma non troppo
Ironicamente, a importância de Lasar Segall pode ser medida pela inclusão de dez de seus quadros na histórica "Exposição de Arte Degenerada" de Munique, em 1937. Essa amostra, organizada pelos nazistas, pretendia desqualificar a arte moderna. O tiro saiu pela culatra.

Segall também era visto como uma ameaça pelo anti-semitismo alemão. Quadros como "Eternos caminhantes", de 1919, e "Judeu em Orações", de 1930, já eram representações de seu engajamento. Também foi o estigma de pintor judeu que motivou uma grande exposição do artista nos Estados Unidos em 1998. Sob o título Por Caminhadas Ainda Mais Distantes: as Emigrações Artísticas de Lasar Segall, a mostra reuniu mais de 100 obras, entre telas e desenhos, no Museu Judaico de Nova York.

Mas ele foi além. O conjunto da obra de Lasar Segall é um apanhado de toda a sua vivência pelo mundo. Com apurada marca expressionista, explorou várias técnicas. Versátil, fez uso da litogravura e também desenvolvia projetos de decoração para bailes e cenários para ballet. Em telas, gravuras, desenhos ou esculturas mostrou cenas do cotidiano europeu e brasileiro; a perseguição aos judeus, famílias pobres, imigrantes sofridos, favelas, olhares perdidos, casas do interior, prostituição, miséria e fome. 

Apesar de ter deixado um conjunto expressivo de obras, poucas aparecem no mercado de arte, e ainda assim muito raramente. Uma tela de Lasar Segall tem cotação tão alta quanto um Portinari, alcançando preços em torno de 800 mil reais. Uma pequena parte desse acervo, porém importante, pertence à coleção privada da família do artista. Também são poucos os colecionadores privilegiados que têm um Lasar Segall em casa. As melhores obras e o acervo mais significativo pertencem ao museu que leva o seu nome em São Paulo.

Acervo de três mil obras
Transformada em Museu em 1967, a antiga casa de Lasar Segall tem um acervo com aproximadamente três mil obras do artista. O espaço cultural foi idealizado por sua mulher, a escritora e tradutora Jenny Klabin e criado por seus dois filhos Maurício e Oscar Segall. O espaço abriga, ainda, outras exposições temporárias, além de desenvolver cursos de gravuras, fotografia e criação literária. Também conta com a Biblioteca Jenny Klabin, especializada em teatro, ópera, dança, cinema, fotografia, rádio e televisão.

Desde 11 de outubro até 21 de dezembro, a mostra "Sinais de Vida: desenhos de Horst Hoheisel" está ocupando a sala de exposições temporárias do Museu. Seguindo a linha da casa, essa exposição pretende estimular o trabalho de artistas que tenham alguma comunicação com a obra de Segall. Hoheisel tem um trabalho conceitual em torno do esquecimento, memória e do holocausto, temas que também foram desenvolvidos por Segall.  

Endereço: Entrada pela rua Ruben Berta, 111
Horários:
De terça a sexta-feira: das 13 às 20 horas.
Sábado: das 14 às 19 horas
Domingos e feriados: das 14 às 18 horas.
Entrada gratuita


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