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Bráulio Luna Filho - Presidente do Cremesp


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Kátia Maia - diretora da Oxfam Brasil


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Medicina translacional


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Complexo Industrial-militar, por Isac Jorge Filho*


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GIRAMUNDO (pág. 30)
Medicina & Ciência


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HISTÓRIA DA MEDICINA (pág.34)
Das Misturas e Poderes das Drogas Simples


LIVRO DE CABECEIRA (pág. 37)
Antonio Pereira Filho*


CULTURA (pág. 38)
Histórias de vidas anônimas


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FOTOPOESIA (pág. 48)
Mensagem de Ano Novo


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Edição 73 - Outubro/Novembro/Dezembro de 2015

HISTÓRIA DA MEDICINA (pág.34)

Das Misturas e Poderes das Drogas Simples

As  folhas que faltavam

 

Foram encontradas as seis páginas que faltavam da mais antiga tradução em siríaco da importante obra do médico e filósofo greco-romano Cláudio Galeno, intitulada Das Misturas e Poderes das Drogas Simples.

O texto completo será decifrado completamente em até cinco anos e poderá lançar uma nova luz sobre as raízes da Medicina e como ela se espalhou pelo mundo antigo


Grigory Kessel, especialista em línguas e catedrático do idioma siríaco na Universidade Philipps, em Marburg, na Alemanha, pesquisava textos antigos na biblioteca de um rico colecionador de Baltimore, nos EUA, quando – ao ver um velho manuscrito incompleto, composto por páginas de couro milenares – notou certa semelhança com uma única página solta que vira havia três semanas em uma biblioteca da Universidade de Harvard.

A obra que ele estudava, sem algumas de suas páginas, era nada menos que a mais antiga tradução já encontrada do importante manuscrito do médico e filósofo greco-roma­no, Cláudio Galeno – conhecido como Galeno de Pérgamo –, que morreu no ano 200 d.C., intitulado Das Misturas e Poderes das Drogas Simples.

O achado da primeira página perdida, feito por Kessel, ocorreu em fevereiro de 2013. A partir de então, foi iniciada uma caçada global às demais seis folhas que faltavam. E elas foram encontradas em diversas instituições mundo afora, além daquela que estava em Harvard. A busca terminou quando a última delas foi redescoberta na Biblioteca Nacional da França, em Paris. Em seguida, iniciou-se a digitalização de toda a obra, finalizada em maio deste ano.


 

                                    Estátua dedicada a Galeno, na Universidade de  Zaragoza, Espanha


Agora, especialistas estão começando a explorar os textos, praticamente invisíveis a olho nu. A perspectiva é de que o conteúdo seja totalmente traduzido em um prazo de cinco anos. “Essa é uma descoberta importante em diversos níveis”, afirmou Peter Pormann, especialista greco-árabe da Universidade de Manchester, que lidera atualmente os estudos do livro de Galeno.

O manuscrito é um palimpsesto, ou seja, um texto antigo recoberto por outro escrito. A prática era comum na Idade Média, como forma de reciclagem. Nesse caso, escribas sírios do século 11 rasparam o texto médico de Galeno, que estava no pergaminho, e escreveram hinos religiosos por cima dele.

Durante séculos, as diversas traduções do Drogas Simples foram leituras obrigatórias para aspirantes a médicos, por conter conhecimentos antigos sobre Medicina, cuidados ao paciente e plantas medicinais. Nelas, o médico cita a raiz de uma árvore árabe capaz de curar a “aspereza da garganta” e recomenda cânhamo (variedade da planta Cannabis) como remédio para a dor de ouvido.

O manuscrito de Baltimore data, provavelmente, do século 9, e é uma cópia da primeira tradução siríaca do livro de Galeno, concluída meticulosamente no século 6 por Sérgio de Reshaina, médico e sacerdote siríaco. A obra era um tratado de 11 tomos.

Os pesquisadores querem comparar o material do palimpsesto em siríaco às cópias que foram traduzidas do grego e parecem ter menos conteúdo. Essas seriam também muito mais distantes do original, pois, a cada cópia, elas passavam por alterações significativas. Um escriba podia, antigamente, remover partes que não considerasse importante ou acrescentar material com base em novos conhecimentos.

 

História do palimpsesto

Pouco se sabe sobre a história do manuscrito de Baltimore, formalmente conhecido hoje como Palimpsesto Siríaco de Galeno, nem o uso que teve entre o século 12 e a década de 1920, quando foi vendido a um colecionador da Alemanha.

Ele ficou longe dos olhares públicos até 2002, quando foi adquirido por outro colecionador, cujo nome não foi publicamente revelado. Em 2009, a obra foi emprestada ao Walters Art Museum para ser submetida a um exame espectral de imagem, que acabou por revelar o subtexto que havia sido apagado.

Nesse processo, cada página foi fotografada digitalmente em alta resolução, com diferentes cores e configurações de luz, destacando diversas formas de tintas, sulcos da escrita e o próprio pergaminho. Algoritmos de computador exploram essas variações de modo a ampliar a visibilidade do texto que ficou por baixo. As imagens resultantes foram disponibilizadas na internet e podem ser estudadas por acadêmicos para qualquer finalidade não comercial.

Ninguém sabia quanto do Drogas Simples poderia estar oculta no Palimpsesto de Galeno. A única outra cópia si­ríaca conhecida encontra-se na British Library, em Londres, e inclui apenas os livros 6, 7 e 8. As traduções desses livros da série são as mais comuns, já que contêm informações bem específicas.

Diversos fundamentos da obra não são exatamente científicos para os padrões adotados na medicina atual. Entretanto, era o mais eficaz sistema adotado na época, e poderá revelar como os gregos antigos tratavam os doentes.

“Esse provavelmente será um texto fundamental assim que for completamente decifrado. Descobriremos coisas com as quais nem poderíamos sonhar até agora”, entusiasma-se Peter Pormann. A descoberta, concordam os pesquisadores, poderá lançar uma nova luz sobre as raízes da Medicina e como ela se espalhou pelo mundo antigo.

 

Colaborou: Clébio Silva


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